Teofania Eucarística, Mariana e Trinitária

A campanha midiática lançada pela CEF contra a CRC dedica quatro linhas aos “erros” da CRC sobre o mistério da Santíssima Trindade:

« Não abordaremos aqui o debate sobre a teologia da Trindade e a infeliz fórmula que apresenta o Pai, o Filho e o Espírito Santo como três seres divinos”. »

Fizemos uma pesquisa sobre toda a obra do nosso Pai, inclusive nas transcrições dos seus sermões. Acontece que ele usou essa expressão, mas para desaprová-la: Quando três pessoas se amam, elas se aproximam tanto que constituiem apenas um grupo, mas são três pessoas diferentes. Enquanto as três Pessoas divinas, não são três Seres divinos, distintos, abraçados um contra o outro, e portanto não é o amor que faz a união entre as três Pessoas, caso contrário seria muito compreensível. » E não haveria mais mistério da Santíssima Trindade: « Um só Deus em três Pessoas. » Um só Ser divino.

O nosso Pai continuou assim:

« Uma pequena família que o afecto une nunca fará senão uma íntima união de três seres criados à parte um do outro, enquanto em Deus, o Único, não se trata de união, mas de unidade: um Deus único e não um Deus unido.

« A união é uma farsa, é uma invenção, e a unidade é um mistério. Como podem o Pai, o Filho e o Espírito Santo ser um só e mesmo Deus na simplicidade perfeita de uma única existência de um Ser eterno, Deus vivo, infinitamente perfeito e sem limites, e eles são três Pessoas? Inexplicável.

« Santo Agostinho narra que passeava numa praia meditando o mistério da Santíssima Trindade, quando viu uma criança fazer um buraco na areia, tomando água que subia ao buraco e a atirava ao mar, e a água voltava sempre. Santo Agostinho avisa o menino e diz-lhe: “Tu nunca chegarás lá, deves esgotar toda a água do mar.” A criança volta-se e diz-lhe: “E tu, a tentar compreender o mistério da Santíssima Trindade, não conseguirás mais”, e ele desapareceu. »

No entanto, Santo Agostinho prossegue a sua meditação. Há um Deus e há três Pessoas. Santo Agostinho explica que uma provém da outra e uma terceira provém das duas primeiras. Quando o Pai gera o seu Filho, é como um espírito que encontra a sua ideia, e a diz numa palavra. Quando Deus, Ele, pensa, a sua Sabedoria, é Ele, Deus, e contudo há o Pai que se olha, que se admira na sua Sabedoria. O Pai gera o seu Filho, mas num movimento tão perfeito que entre o Pai e o Filho não há diferença. São absolutamente a mesma substância.

O Pai concebeu o seu Filho, deu a imagem da sua substância, emitiu uma Palavra.

Nada disto entenderíamos se o Filho não nos tivesse aparecido sob a forma de um homem e se esse homem, Jesus Cristo, não nos tivesse dito: « Meu Pai, que está no Céu e eu, somos Um. » Isto significa: estamos perfeitamente de acordo e amamo-nos infinitamente, mas não é no fim que está a unidade, mas no nascimento.

Da mesma forma, quando imaginamos o Pai e o Filho como em um trono, no céu, existe um tal amor entre eles que não é uma segunda “geração”, diz Santo Tomás, é uma “procissão” de amor de uma espécie nova, é um êxtase de amor, como duas pessoas que se amam e que dizem “nosso amor” como se houvesse entre elas um terceiro que é seu amor consubstancial personificado. O amor do Pai e do Filho nasce de sua união e retorna a eles para agradecê-los por isso. Retorno do Espírito Santo ao Único Coração do Pai e do Filho. Mistério insondável e saboroso.

Deus é único, mas Deus não é solitário. Encontra a sua complacência no seu Menino, que é o seu Verbo, a sua Palavra, que é Jesus Cristo:

« Ouvi o meu Amado, o meu Filho único, em quem pus as minhas complacências. »

O SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

Assim, temos uma passagem possível para Deus, não é subir ao topo do Sinai, como Moisés ou Elias. É chegar ao Coração de Jesus, contemplá-lo, recebê-lo em nós e, recebendo-o em nós, estar ligado a Deus por este vínculo íntimo de Jesus com Deus seu Pai eterno, e o seu Sopro de amor criador que, desde o Pentecostes vivifica a Igreja, santificando as nossas almas. Então, encontramo-nos envolvidos neste movimento das três Pessoas e encontramo-nos introduzidos pelo Espírito Santo sobre o Coração de Jesus, e do Coração de Jesus, encontramo-nos conduzidos até ao Pai.

Mas a nota da CEF contra a CRC mostra bem que a graça já não passa pelas mãos dos sucessores dos Apóstolos: « Não abordaremos aqui o debate sobre a teologia da Trindade »... porque já não temos a fé católica na hora da liberdade religiosa e do MASDU... onde a necessidade faz lei. Os muçulmanos dizem que o verdadeiro Deus é Alá, e que Alá não tem filhos. Os judeus dizem que Deus, nosso Deus, Yavé, não tem filhos. Por isso, o Papa Francisco já não quer ser chamado « Vigário de Cristo ». Para poder selar a Aliança dos "três monoteísmos", preconizada por Paulo VI:

« Nós temos também uma esperança que pode parecer utópica, porque não é apoiada por nenhum elemento concreto, mas poderia ser um ponto de discórdia e que, pelo contrário, consideramos fundada num argumento real e realizável. O conflito [no Médio Oriente] envolve três expressões etnico-religiosas (?) que reconhecem um único e verdadeiro Deus: o povo hebraico, o povo islâmico e, no meio deles, espalhado pelo mundo inteiro, o povo cristão.

« Trata-se de três expressões que professam um monoteísmo idêntico pelas suas três vozes mais autênticas, as mais antigas, as mais históricas e até as mais tenazes e convictas. Não seria possível que o nome do mesmo Deus, em vez de oposições irredutíveis, gerasse um sentimento de respeito mútuo, de acordos possíveis, de convivência pacífica? A referência ao mesmo Deus, ao mesmo Pai, sem prejuízo das discussões teológicas (!!!), não poderia um dia servir para a descoberta tão evidente, mas tão difícil e tão indispensável, que somos todos filhos do mesmo Pai e, portanto, todos somos irmãos? » (Paulo VI, 11 de agosto de 1970)

MEDIAÇÃO DO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA

Mas o Papa Francisco arrepender-se-á desta negação, derramando lágrimas aos pés da Virgem ao Imaculado Coração. Santa Jacinta viu-o! Enquanto esperamos por este dia abençoado, ergamos os olhos para o Céu, onde se encontra em glória o nosso querido Pai Celestial, representado no ápice da parede de abside da nossa capela, sobre o altar e o seu Filho na Cruz. Ele senta-se nas nuvens, não para julgar, mas para sustentar a sua criatura e absolvê-la, pelos méritos do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria, e elevá-lo a Ele na sua omnipotente Misericórdia (Foto).

Esta alta parede é iluminada por dois vitrais, celebrando um o Divino Coração de Jesus flamejante e o ostensório dourado da sua Eucaristia, o outro a barca da Igreja na tempestade e, no céu, a Estrela do mar, símbolo da Virgem. Assim se encontra representada a grande teofania de Tuy, da qual a Irmã Lúcia foi favorecida em 13 de Junho de 1929, e da qual nenhum quadro ou afresco recorda o acontecimento na capela onde se realizou, em testemunho da incredulidade eclesiástica, obstinada em fazer esquecer tudo o que o Céu fez para poupar à terra o terrível castigo anunciado a Lúcia, Francisco e Jacinta, após a visão do inferno, a 13 de julho de 1917. Pelo menos, podemos encontrar na nossa capela, olhando para as alturas, a evocação do que viu Lúcia:

« Compreendi que me era mostrado o mistério da Santíssima Trindade, e recebi sobre este mistério luzes que não me é permitido revelar. »

Podemos suspeitar de alguma coisa ao ver a Imaculada, para a qual desliza do Céu o doce e adorável olhar do nosso Pai Celestial, cheio de ternura íntima por Ela, como homenagem soberana à sua perfeita santidade e como missão a Ela confiada de Medianeira junto da nossa assembleia orante, pela Igreja e por toda a humanidade em perigo. Ao mesmo tempo e movimento, a Sagrada Pomba do Divino Paráclito parece jorrar do seio do Pai para voar em direção a Ela.

Em Tuy, Nossa Senhora falou e acabou de revelar à sua confidente o grande desígnio de graça e misericórdia de nosso Pai do Céu:

« É chegado o momento em que Deus pede ao Santo Padre que proceda, em união com todos os Bispos do mundo, à consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio. »

Mas isso também, esta mensagem urgente, não lhe foi “permitido revelá-lo”. Por quê?

« Mas por que se faz um silêncio glacial sobre esta maravilhosa graça feita à terra, da mesma ordem que a Transfiguração de Nosso Senhor no Tabor, e assumindo o mesmo significado que ela, de uma exortação à fé, vinda do Céu, trinitária, dada a toda a Igreja para assumir as grandes provações do fim dos tempos? »

É uma Carta à Falange de 13 de agosto de 1995, aniversário do encontro “perdido” de 13 de agosto de 1917. Por quê? « Por que o mundo e a Igreja romana, em “conivência” e estreita colaboração, substituem Medjugorje a Fátima, a obra do diabo à de Deus mesmo, porque a primeira vai no sentido do liberalismo e da democracia, enquanto a outra, única verdadeira, contém uma mensagem política execrável... que é política de Deus, católico, real e que é fidelidade às nossas famílias, às nossas comunidades. Assim acontece em todos os tempos, como no Evangelho. A política de Fátima é insuportável para o sinédrio. Lamentável! A ruína de Jerusalém naquele tempo anuncia sua ruína. »

A grande promessa de Tuy, em 1929, era de « pôr fim à perseguição na Rússia », de « salvar a Rússia » para a paz do mundo. É para a sua realização que Deus queria e quer ainda, e sempre, « estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria ».

Eis por que, seguindo o nosso Pai, « eu quero muito simplesmente, nós queremos colocar de agora em diante a Virgem Maria absolutamente acima de todas as nossas afeições de coração, de todas as nossas convicções e pensamentos, de todas as nossas obras exteriores e de todos os nossos desejos ».

« Que não se oponha o amor do próprio Deus que, de qualquer modo, deveria passar primeiro e ocupar todo o lugar. É precisamente na rejeição desta objeção que consiste o caráter novo, surpreendente, desconcertante, desta devoção que, finalmente, não me aborrece mais, porque é isso que o nosso Senhor e Mestre quer e espera de nossa geração para salvá-la!

« Isto dita a nossa resolução: desgastar-se ao máximo, amados pelos bons, odiados pelos inimigos de Jesus Cristo e da sua Santa Mãe, prontos para todas as cruzes, pelo amor da Imaculada. A Ela o amor de todos, a admiração adoradora, a confiança, as longas orações. Cabe a Ela comandar as almas que se lhe dedicam, consagradas. Cabe a Ela estar sozinha à vista, à frente das nossas Falanges. Cabe a Ela fazer a conquista milagrosa das almas e conservá-las. Cabe a Ela, que fez dançar o sol em 13 de outubro de 1917 para que todos acreditassem, fazer o milagre que praticamos em vão: esmagar o inferno e seus exércitos de demônios, atrair os corações sinceros, convertê-los e ligá-los irrevogavelmente ao seu Divino Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. »

Irmão Bruno de Jésus-Marie.